domingo, 19 de dezembro de 2010

Todo dia ela faz tudo sempre igual

Acordou, olhou para a luz azul como fazia todos os dias, bocejou, esfregou os olhos como se estivesse tentando desembaçar sua visão, ligou a televisão para ver as horas, 13:40, pegou o final do seu programa favorito. Levantou e como de costume sorriu para o espelho, banhou-se, escovou os dentes e deu um nó desajeitado nos cabelos. Já era a hora do almoço, fingiu não se importar e comeu um queijo quente acompanhado de um suco de maracujá, reclamou feito criança por estar azedo demais. Ligou a televisão e botou no mudo, fez hora no computador, uns sites de moda, uns de humor e uns até de dieta sem nem precisar, no fundo invejava um pouco quem fazia dietas  porque por algum motivo louco achava interessante. Escutou suas músicas favoritas, e se talvez soubesse que alguém poderia estar ouvindo não cantaria tão alto como faz sempre, se empolgou sem ter nenhuma vocação para cantora, cantou chico, cantou tom, cantou caetano, cantou ana carolina, cantou marisa monte, cantou los hermanos, cantou cassia eller, cantou elis, cantou ela mesma. Escreveu no blog coisas que só ela mesma entendeu, e não se importou com o fato. Tirou a televisão do mudo, se divertiu com o canal de clipes, dançou e riu pra si mesma, ou melhor, riu de si mesma. Escutou a buzina, foi abrir o portão, ela não gosta mesmo dessa parte do dia, mas é pelo fato de ter que abrir o portão com seus clássicos trajes de dormir. Mas tinha a parte boa.. Abraçou o pai, beijou a mãe, zombou do irmão, e pensou em como ela gosta de ter a família reunida jogando conversa fora na cozinha. Conversou até tarde na internet, digitando com cuidado para não fazer barulho, irritou-se e foi dormir por pensar em seu computador que ainda está no conserto. Deitou, e sem sono pegou um livro pra ler, leu algumas páginas e se cansou. Guardou o livro, fez suas orações, pensou na mesma pessoa de sempre, olhou pra luz azul e achou graça sem notar, adormeceu.